quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Novo fármaco age conforme a quantidade de glicose na circulação.

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DIABETES O recém-realizado Congresso de Diabetes, em Brasília, foi palco para a divulgação de novas descobertas para o combate da doença, em especial para os portadores do tipo 2 desse mal. Como se sabe, controlar a presença de açúcar na corrente sanguínea é o grande desafio de milhares de diabéticos em todo o mundo.

Além dos medicamentos, a informação também é um dos pilares do tratamento da doença. Por isso, um site (www.diabetesemequilibrio.com.br) foi criado para permitir que os portadores consigam calcular melhor seus índices glicêmicos.

Lá há desde questionários que podem ser preenchidos e compartilhados com os médicos durante a consulta, além de sugestões de receitas e cardápios mais adequados. Porém, mais importante é o programa de aprendizagem e de apoio para pacientes com diabetes tipo 2, que incentiva as pessoas a buscarem melhor qualidade de vida, utilizando ferramentas que estão ao alcance de todos.

“Com conhecimento, o paciente tem a possibilidade de entender o tratamento, aumentando o nível de comprometimento. Outro ponto é que ele consegue viver de forma tranquila e saudável porque sabe o que fazer”, explica a médica Gabriela Luporini Saraiva, gerente do laboratório MSD, criador do site.

Novo fármaco

Quem também anuncia nova alternativa de combate ao diabetes são os laboratórios parceiros Boehringer Ingelheim e a Eli Lilly, que estão apostando na droga linagliptina (Trayenta), recém-aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a opção mais completa de tratamento a ser utilizada nos próximos 20 anos. A medicação age como um inibidor de DPP-4 (enzima dipeptidil peptidase 4) e foi testado em mais de 6 mil pacientes em todo o mundo.

Seu diferencial é ser excretado do organismo pela bile e pelo intestino, sem prejudicar os rins do diabético. Além de não precisar de ajuste de dose. Ao ser eliminada por estas vias, poupa os rins do diabético, uma vez que estes pacientes são os responsáveis pela segunda causa de falência renal no mundo.

Considerado “inteligente”, o fármaco age conforme a quantidade de glicose na circulação – evitando assim o inconveniente das hipoglicemias (níveis de açúcar no sangue abaixo do normal), efeito adverso de outros medicamentos.

De acordo com o estudo divulgado, a eficácia está na redução da hemoglobina glicada (parâmetro de controle da glicose no sangue) e no controle do diabetes, além de ter sido elogiado por não provocar ganho de peso, náuseas e outros incômodos gastrointestinais – inconvenientes de outros remédios orais amplamente utilizados.

A endocrinologista Lúcia Helena B. Tácito, professora da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), lembra, no entanto, que é preciso estar alerta, pois para todo medicamento ou conduta terapêutica é preciso considerar o famoso custo-benefício.

“Hoje, o número de informações bem como sua velocidade são igualmente grandes, portanto, muitas verdades são transitórias, exaltando cada vez mais a importância do profissional bem formado e com capacidade crítica de avaliar o melhor tratamento para o seu paciente, provando que a máquina nunca substituirá a capacidade de síntese e crítica da inteligência humana”, finaliza.

Glitazonas & Anvisa

Já vai longe o tempo em que medicações como a glitazonas e outros poucos fármacos (que demonstraram efeitos benéficos importantes na sensibilidade à insulina) eram os únicos produtos indicados para pôr controle a esta doença, que hoje é considerada uma epidemia mundial. Atualmente, existem dezenas de opções para uma mesma condição clínica, o que permite aos médicos optarem por um ou outro produto que ofereça melhor resultado no tratamento.

As glitazonas que surgiram há cerca de dez anos foram recebidas com grande entusiasmo como opção terapêutica, mas novos estudos mostraram efeitos colaterais importantes, inclusive de natureza carcinogênica. De acordo com a endocrinologista Lucia Helena, é preciso sempre alertar o paciente para o risco de efeitos adversos no uso deste medicamento, embora, eles nunca tenham sido totalmente desconhecidos.

Já era sabido, por exemplo, que a hemodiluição, aumento de peso, restrições em pacientes com insuficiência cardíaca eram efeitos adversos, já conhecidos graças aos estudos pré-clínicos. “Eles já haviam levado este efeito em consideração e não houve associação causa-efeito que impedisse a liberação do medicamento. O atual posicionamento das agências reguladoras é de manter a medicação, com mudanças em bula que alertem para o problema, pois o risco foi considerado baixo”, afirma a endocrinologista.

Nova bomba de insulina beneficia portadores do tipo 1

Embora no caso do diabetes tipo 1 não exista tantos lançamentos como para o tipo 2, algumas novidades anunciadas no Congresso se destinam aos insulinodependentes infantis. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que atinge o pâncreas, impedindo a produção de insulina. Pouco se sabe sobre a sua causa, mas o tratamento exige a administração contínua de insulina. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 11 milhões de pessoas são portadoras do diabetes no Brasil.

Estima-se que 10% desse total tem o tipo 1 da doença, que geralmente se manifesta na infância ou adolescência. Daí a boa notícia trazida pelo pesquisador da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica,Tadej Battelino, professor da Universidade de Ljubljana, na Eslovênia, durante o Congresso: a bomba de insulina, uma tecnologia muito usada no exterior, que visa proporcionar conforto e segurança para os diabéticos.

O aparelho envia microdoses de insulina continuamente ao organismo, 24 horas por dia, conforme uma programação recomendada pelo médico. Hoje, já é utilizada por mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos, entre adultos e crianças. No Brasil, segundo o endocrinologista pediátrico Raphael Liberatore, professor da Famerp, existem vários pacientes fazendo uso da bomba com sucesso.

Ele explica que o diferencial entre a bomba de insulina e o método atual de injetar a insulina com agulha é que a bomba injeta pequenas porções de insulina a cada 3-5 minutos, e, com isto, imita melhor o funcionamento do pâncreas normal. A única injecão é feita a cada três dias para a troca do catéter que é acoplado na barriga do paciente.

Liberatore observa que já tem cerca de 40 pacientes em tratamento com a bomba, e a sua é a segunda maior experiência no Brasil. A primeira está na Capital. As vantagens do tratamento com a bomba de insulina são visíveis, pois, além de menos picadas, ela oferece melhor controle metabólico e qualidade de vida. “Sem falar da maior liberdade de horários e de alimentação”, diz.

Para os jovens é uma libertação, uma vez que já não precisam mais ficar se expondo quando têm de tomar a injeção e ficar controlando a alimentação. Embora não esteja disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital de Base já solicita ao Ministério da Saúde que a bomba seja aprovada para uso em casos específicos. E, se não houver outra alternativa, recorrer à Justiça ainda é a saída.

Saiba mais:


:: A linagliptina (Trayenta) está indicada para o tratamento do diabetes tipo 2, sozinha ou em associação (com meftormina, sulfonilureias, pioglitazona), na dose de 5 mg, uma vez ao dia, com ou sem alimentos, sem necessidade de ajuste de dose em qualquer situação

:: Foram realizados estudos com linagliptina desde 2004, em mais de 40 países, envolvendo mais de 6 mil pacientes. Os estudos avaliaram o uso da linagliptina no tratamento do diabetes tipo 2 emadultos, sozinha ou em associação com outros medicamentos antidiabéticos orais, como a etformina. O Brasil participou de alguns estudos

:: A linagliptina é ummedicamento oral para o tratamento do diabetes tipo 2, da classe dos inibidores de DPP-4. Ela melhora a taxa de açúcar no sangue, age através do aumento do tempo de ação das incretinas no organismo. As incretinas são hormônios liberados pelo intestino após a alimentação e que regulam a liberação de outros hormônios que controlam a taxa de glicose no sangue (insulina e glucagon)

:: Linagliptina tem uma estrutura molecular diferente, que faz com que ela seja excretada principalmente pelo intestino (apenas 5% pelos rins). Nos estudos clínicos com até 2 anos de duração não apareceram efeitos colaterais significativos

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